terça-feira, 23 de agosto de 2011

Amor por conveniência (ou a valsa dos amores desencontrados)

Elas dizem que eles não querem nada sério. Eles dizem que não conseguem encontrar ninguém legal. De uns tempos para cá ando percebendo que micaretagem perdeu um pouco seu papel social. Se, por um lado, é um excelente momento para conhecer o maior número de prospects possível, por outro lado os relacionamentos criados nestas situações são rasos e parecem ter um curto prazo para expirar.

E essa percepção surge de ambos os lados. Tanto que dificilmente alguém cai na noite visando encontrar o amor de sua vida. No máximo alguém para apaziguar instantâneamente o vazio. Sim, aquela sensação de incompletude que todos carregam mas não assumem. Todos querem ser amados. Mesmo que seja por algumas horas. Mesmo que por somente alguns minutos, na esperança que a dor diminua.

Sim, ela ameniza. Mas não sara.

E dá-lhe intermináveis domingos (ou sábado, ou tantas feiras) gélidos e cinzentos, com parcas tentativas de aliviar a solidão. Sofá, TV, cinema, parque, shopping, praia. São muitas as oportunidades para desviar a atenção.Oportunidades que fazem você esquecer as perguntas, mas dificilmente lhe dão as respostas.

E ai a semana recomeça, cíclica, previsível. E você continua na balada, e continua se perguntando "onde estão as pessoas que querem amar nessa cidade?"

...

Eu digo que TODAS as pessoas querem amar. E todas elas estão a procura de um amor. Têm as que já o encontraram, tem as que estão cuidando do próprio jardim. Tem aquelas que dizem querer focar na carreira, tem as que dizem que acabaram de terminar de um relacionamento complicado. Mas TODAS, todas elas querem o conforto de ter alguém para dividir a vida. Em qualquer momento que esta a vida esteja. O que acontece é que, geralmente, essas pessoas não se encontram.

"O grande baile da vida". Máscaras, julgamentos, preconceitos, idealizações. Pressa. Todos os dias, a todo o tempo, esbarramos no amor. Mas a maior parte deste amor está destinada a outros indivíduos, que também estão no baile, e jamais se encontram. Ou dispensam esse amor, na esperança de se deparar com um "amor melhor". Como se o amor tivesse escala. Eu conheço pelo menos uma dúzia de homens interessantíssimos que estão a procura de um relacionamento sério. E tantas duzias de mulheres. Mas estes seres ou não se bastam, ou não se encontram. Nunca.

Mas e ai? estamos todos fadados a viver sem amor, ou amar quem não nos ama, numa infinita quadrilha Drummondesca?

Seria tão bom se as pessoas abaixassem suas guardas, e passassem a enxergar melhor o outro sem as barreiras que as máscaras impõem. E se entregassem. Mesmo que seja por um "amor pior". O fator "paixão" é importantíssimo, mas você já contou quantas vezes se apaixonou sozinho? E se você desse a chance para essa "paixão" acontecer com o tempo? Com a convivência? Com a companhia?


Pare de reclamar e começe a jogar amor em tudo a sua volta. Ame, mas não como se esperasse ser amado em troca. Ame, e permita-se dar a chance para aquele relacionamento menor que você certamente tem em sua órbita. Aceite o pouco que o outro tem a lhe oferecer. Se vocês tem os mesmos objetivos, porquê não tentar? Só a conveniência da companhia nas situações melancólicas já vai valer a tentativa.


E, quem sabe, esse pode ser o tal "grande amor da sua vida"?






Ele não pediu para que eu pulasse. Disse que estava lá embaixo, escalando, para sentar de mão dadas comigo na beirada do abismo.

E depois a gente decidiria se valeria a pena pular. Ou não.