domingo, 4 de março de 2012

go... go fly away honey bee \o/

Eu me lembro quando a conversa da world trip surgiu. Foi naquele bar amarelo, onde quase todo mundo ia afogar as mágoas da rotina estafante provindas da labuta diária. Era uma noite meio fria, meio chuvosa, no meio da semana. Me lembro de estar desesperada por estar envolvida em um triângulo insolúvel, implorando para que ela acendesse uma luz sobre todo aquele emaranhado de possibilidades que poderiam determinar todo o meu futuro. No meio desse blábláblá lamacento interminável, eis que a dita cuja, do alto de seus 21 aninhos, me vem com essa:

- Mas você não precisa de um homem para ter isso. Você pode fazer tudo isso sozinha!

Anh? Tá louca? Como assim eu não preciso? Como assim tudo isso sozinha?  Eu, que lembrava vagamente de um período de um ano de solterice, lá em meados dos anos noventa, não entendi. Como assim?

- É assim (fazendo três bonequinhos com palitos, que por sinal já estavam espalhados por sobre a mesa): Esta é a Luana! Este é fulano e este é o siclano. E, simulando uma animação de pessoas palito, daquelas mais toscas possível (que btw, depois de quarta virei especialista), discorreu uma narrativa repleta de violência que culminava em dois chutes e uma bonequinha saltitante que dizia: Eu vou fazer isso sozinha.

Sim, ok, mas vou fazer o quê? O quê eu realmente queria da minha vida? Por que, até aquele ponto nada tinha dado muito certo. Eu só sabia que precisava sumir. E quem sabe encontrar algo. Tínhamos acabado de retornar do Peru (ou da Argentina, não me lembro) e naquele momento eu só tinha uma coisa em mente: VIAJAR.

Viajar.. pois é, tá ai! É tão simples, tão óbvio! Vou viajar! E não podia ser uma viagem bate-e-volta daquelas que a gente volta mais cansado e frustrado do que quando foi. Tinha que ser só de ida. Tinha que ser meu projeto de vida. Naquele momento, o nosso projeto de vida.

Depois daquela noite eu desenvolvi uma fantástica habilidade de desfrutar insanamente da minha própria companhia. E foram muitas quartas-mais-que-felizes, com direito a exploração de lugares inóspitos e interação com figuras bizarras. Em paralelo, eu e ela fazíamos planos que incluíam de patrocínio oriundo de algum super contato televisivo até uma possível inserção de nossos nomes no Guinnes Book. Em meu aniversário, ganhei um "super kit" que incluía um mapa mundi (daqueles de verdade, para ir fazendo check's), um livro sobre todos os países do mundo, diários de bordo e caderneta de contatos.

O tempo passou, e, quando a data da tal viagem ficou iminente, algo sucumbiu com minha imensa ânsia em me lançar ao mundo. Na verdade, descobri que o que eu precisava encontrar estava dentro de mim mesma. E assim ela seguiu, sozinha, concretizando e incrementando as idéias megalomaníacas que partilhamos em algum momento de nossas vidas.

Amanhã ela vai. Vai "cair no mundo", passagem só de ida para o total desconhecido. Vai com a cara e a coragem, em busca de um sei lá o que que ela com certeza vai encontrar. Vai na marra, guiada pela intuição e pela curiosidade absurda que habita cada mitocôndria de seu corpo. Vai de cabeça aberta, linda, livre, like the wind. Ela vai, e vai levar consigo os anseios de toda uma vida. Da minha vida. Vai levar meu coração no bolsinho da mochila. Ela vai, e vai deixar para trás mais uns trocentos destroçados pela ausência da sua companhia.



My big little sister, você não acendeu uma luz em minha vida. Você me mostrou onde era o interruptor (e até como se trocam as lâmpadas, rsrs). Vá! Vá preencher seu livro de aventuras!

Vá andar em girafas na Uganda! Compre uma linda burca no Cazaquistão, fique pelo menos um mês em um templo Tibetano, coma insetos Tailandeses. Passe o outono em Nova Iorque, o verão em Sydney, veja o sol nascer na Ilha de páscoa e ele não se por na Antártica! Salte de uma ponte na Nova Zelândia, recolha uma pedrinha das ruinas astecas, atire uma pedrinha no Mar Morto. Coma muita areia no egito, tome um chá com o Fidel, se entupa de comida indiana. Encha a cara de vodka ( e rum, e pisco, e tequila, e...) e aprenda a dançar cossaco (deve ser beemm difícil, kkk). Beije um pedreiro holandes (um não, uns quatro pelo menos), arranque suspiros de um canadense e deixe que liguem para seu pai oferecendo cabras (ou vacas, ovelhas, ouro, petróleo) pela sua mão. Apaixone-se por um ator italiano, tenha uma tórrida noite de amor com um mochileiro Norueguês, namore um sul africano que more em Praga e case-se com um japonês. Passe a lua-de-mel vendo golfinhos no chão de um bangalô em bora-bora. Separe-se e vá sofrer em Paris. Passe um tempo com uma tribo amazônica, passe frio no ushuaia, passe calor em Citzén-Itzá, passe um dia em Jerusalém. Vá, e só volte quando tiver feito todos os CHECK"S nos quadradinhos da sua alma. Vá amiga, AMUNDE-SE!!!

E, se a vida permitir, quem sabe eu me ajunto no final dessa jornada.

AMO-TE!

Una lagrima.



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