Não sou mais aquela mulher de uma semana atrás.
Nem a garota do ano passado.
Nem a menininha de uniforme azul.
A mim parece que as lentes cor-de-rosa já não servem mais.
E que procrastinar não vai absolver o que já foi consumado.
Eu sei que a partir desse ponto não há mais volta.
Não dá para prever.
É impossível dissimular.
O corpo padece. A mente divaga. A alma sublima.
O vácuo ventral é inundado por um encadeiamento de espasmos risíveis, num misto de dor e angústia, receio e ousadia, esperança e solidão.
O tempo perde valor.
Os atos perdem noção.
E, repentinamente, nos deparamos absortos em nosso próprio universo, segundos antes da explosão inicial. Como se tudo aquilo a que somos intimamente habituados não fizesse mais nenhum sentido.
Como se o tudo adquirisse um novo teor.
...
Que voem. Que corroam. Que destruam meu limbo sacral.
Eu finalmente existo.
E estou exatamente onde queria estar.