terça-feira, 10 de agosto de 2010

Borboletas no estômago

Não sou mais aquela mulher de uma semana atrás.

Nem a garota do ano passado.

Nem a menininha de uniforme azul.



A mim parece que as lentes cor-de-rosa já não servem mais.

E que procrastinar não vai absolver o que já foi consumado.

Eu sei que a partir desse ponto não há mais volta.



Não dá para prever.

É impossível dissimular.

O corpo padece. A mente divaga. A alma sublima.

O vácuo ventral é inundado por um encadeiamento de espasmos risíveis, num misto de dor e angústia, receio e ousadia, esperança e solidão.

O tempo perde valor.

Os atos perdem noção.

E, repentinamente, nos deparamos absortos em nosso próprio universo, segundos antes da explosão inicial. Como se tudo aquilo a que somos intimamente habituados não fizesse mais nenhum sentido.



Como se o tudo adquirisse um novo teor.



...





Que voem. Que corroam. Que destruam meu limbo sacral.

Eu finalmente existo.

E estou exatamente onde queria estar.