segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ética de Boteco

Diz a lenda que certos caras jogam oncinhas na mão de barmans para garantir o suprimento etílico da noite. E que moçoilas bem dotadas se engraçam com os tais para beber sem abrir o cofrinho (bom, sei lá, ás vezes até abrem...). Mas o fato é que, para mim, era tudo historinha, até que eu assumi a gerência de uma balada...



- Você tem noção que essa menina nuuunca vai ficar com você neh?

- Tenho.

- Então porquê diabos você deu Absolut na comanda de Natasha?

- Ah, sei lá, as vezes...



Tsk... o cara arrisca perder o trampo em troca de... nada.



- Meu, você sabe que não pode fazer esse tipo de coisa?

- Sei, é o bagulho da Ética



Bagulho da ética! Ahaha, seria cômico, mas doeu no fígado. Quis perguntar o que ele entendia por aquilo, mas me contive.


-Bom, mas chega tá.
- Anh ham

Sai de lá com o tema bombando na minha cabeça. Decidi não tomar nenhuma atitude porque, na pior das hipóteses, ele assumiu. E depois, mais do que isso, porque meio que me reconheci naquela situação. Não, não que eu precise liberar alguma coisa para chamar a atenção de alguém. O fato é que o sedarbem parece estar incrustado no inconciente coletivo de todo mundo. E a ética que se exploda.



Mas afinal, o que é ética? Como ela se aplica? O quanto ela é flexível? E o quanto ela é relativa?



Uma vez quis trocar de acumpunturista e não troquei porque achei anti-ético, mesmo sabendo que o outro era melhor. Noutra, peguei o namorado de uma de minhas amigas com uma piriguete conhecida, e fiquei quieta. E assumi para um professor que tinham colocado meu nome em um trabalho.
Em todas essas situações tentei agir de maneira ética... mas até que ponto é ético com nós mesmos se ferrar com um médico pior ou uma reprovação, ou compactuar com a infelicidade de uma amiga querida?

E, no extremo oposto, o quanto é ético fugir sem pagar a comanda (ah, mas o dono é milionário!), se apoderar de brindes que "sobraram" da festa (ia pro lixo mesmo...) ou usar a beleza ou o dinheiro em prol de obter benefícios que não estão contemplados no pacote?



...



Não sei. Mesmo.



Só sei que, como no caso do barman, não acho certo dar bom dia com o chapéu dos outros.



Mas quem vai atirar a primeira pedra?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Desabafo

Estou com medo. É quase um pavor. E, a cada dia que passa, parece que essa sensação vai tomando proporções maiores, e maiores, num encadeamento absurdo de emoções que mesclam momentos insones de insegurança a desespero. E não há nada que eu possa fazer, apenas aceitar a situação e cauterizar o que sobra dos pedaços que são constantemente arrancados da minha alma. E dói. Dói porque não previ essa situação. Dói porque é quase uma injustiça. Não sei lidar com isso, sequer tenho pretenções de aprender. Mas o fato é que nunca estive preparada, e também nunca imaginei que ia acabar aqui, fazendo parte desse clã.
Passei a minha vida toda acreditando que era muito fácil encontrar alguém para dividir os dias, os sonhos, a vida. E encontrei, e por inúmeras vezes fui feliz. Somando todos os meses, não me recordo ter ter passado mais que um ano sozinha desde meu primeiro relacionamento "oficial". Entrar e assumir um namoro para mim sempre foi simples, rotineiro, quase osmótico. E real.
O tempo passou, e algo no meio do caminho fez com que eu colhesse, embrulhasse todas as minhas expectativas em um reluzente papel dourado e as entregasse sem ressalvas para um que me dominou. Meu coração o elegeu. Minha alma o coroou. E assim ia seguindo, satisfeita com a escolha, confortável com a opção.
Até que um belo dia o castelo desmoronou. E me deparei, perdida e sozinha, com 4 anos a menos de vida, com 4 toneladas a mais de dor... E desde então eu vago, buscando incessantemente um não sei o que, aliado ao vazio de não viver, de não sentir, de não sofrer. Um coma, lúcido, amargo e incolor.
 
...

Eu continuo procurando. Mas o não encontrar anda me apavorando.
E o triste é que estou me convencendo de que acabou, não existe mais, nem adianta cavocar.