terça-feira, 27 de julho de 2010

Pra frente Brasil

Hj levantei com um mal-humor um pouco mais afetado do que o costumeiro. Essa coisa de ficar trabalhando de manhã (tô relevando o fato de ser domingo) consegue me irritar mais que guardador de carro em rua de feira (e só a vaga lembrança da situação me levou a desistitir de fazer um pit-stop no caminho). Bom, então, já que não tem jeito, bora lá, entrei no carro, liguei a chave, sai na rua, abri o portão e há! deparei com uma cena que, literalmente, encheu meu futuro péssimo dia de alegria :)Sentado, em uma cadeira, literalmente no meio da rua, um senhor protegia, com o zêlo que uma fêmea protege sua cria (algumas...) aquilo que parecia ser sua mais nova obra-prima: uma bandeira, feita a cal e xadrez, que devia ter, no mínimo, uns 5m ! A dita cuja ocupava a rua inteira, quase que impedindo até os pedestres de passar. Crianças formavam montinhos ao lado daquilo.-Tira a mão daí moleque do inferno!Enquanto eu estava lá, calculando milimetricamente o percurso que precisava executar para tb não tomar uma bronca do tiozinho, fui inundada por uma deliciosa sensação dos tempos em que a graça de estar em um ano de copa era saber que iríamos ilustrar a rua da casa minha avó.E era isso mesmo. O povo chavama o DSV (no tempo que ainda não era a CET) para impedir o tráfego. O muro do convento, que ocupa um lado inteiro, virava galeria. E toma pincel, balde, brochas, giz e resina (sem falar na poeira do cal e nas mãos manchadas de corante). As risonhas senhouras da vizinhança nos traziam bolo, suco, iogurte, chocolate e vitamina. As cores eram todas pastéis, o vermelho sempre rosa (ahaha), mas nada que anulasse o sorriso satisfeito do final da tarde.E tudo virava festa! A TV ligada na garagem, o portão escancarado (pra todo mundo caber), o cheiro de pipoca com provolone, aquele barulho de um monte de gente e aquele silêncio da hora do jogo... as risadas, as discussões, as situações bizarras... ouvimos a prorrogação de 94 em um caminhão dos bombeiros, por culpa de um balão que derrubou a energia e incendiou o convento. Lembro da luz só ter voltado 1 minuto antes do pênalti do Baggio....E eis que, em meio a tudo isso, lembro de minha world cup love story. Amor de infância, eterno ajudante na arte de pintar as guias (uma sim, uma não) lá longe, onde ninguém conseguia mais ver. First love em 90, first kiss em 94, remake em 98, e em 2002, que foi só para fazer graça. Em 2006, ficou aquele clima, cada um no seu quadrado (já ocupado), e a cabeça fervilhando (ai que droga o que que a gente vai fazer!). Não deu, hey ho, quem sabe na próxima?...well, a copa já esta ai...Desviei do desenho, subindo em cima da calçada (carro grande yep!), e todo mundo ficou feliz. Eu, o vizinho e as crianças, que se aproveitaram da situação para surrupiar o balde e ir desenhar na rua de baixo....Tudo o que eu sei dele foi que se casou no ano passado.E também onde sua cabeça estará, no momento em que a bola rolar, depois da cerimônia de abertura...

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