quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Só mais uma noite

Esse ano não fiz promessas.
Não houve esperança.
A mim parece que toda aquela onda de sentimentos renovadores não existe mais.

Foi apenas mais uma noite.

Costumava assumir compromissos. Ter pensamentos positivos.
Usava roupas brancas, vermelhas, verdes e amarelas como uma espécie de "peloamordedeusmedêpelomenosisso"
Pulava as sete ondinhas quando estava na praia, com direito a um pedido para cada salto.
Ficava em silêncio na hora da virada, concentradamente implorando para que alguma entidade sobrenatural me ajudasse a fazer o que eu não tinha feito. Ganhar o que eu não tinha ganho. Ser quem eu não era.
Trocava a folha de louro, sempre esmagada pela habilitação e a plaquinha de nossa Senhora de Fátima... - Para você ficar rica este ano - dizia minha santa avó, contribuindo com a extinção de mais uma espécie...

Eu nunca fiquei rica. Eu sequer tive dinheiro para bancar todas as expedições e regalias que desfrutei.
Eu emagreci e engordei, e engordei mais do que emagreci.
Eu entrei e sai da USP, eu entrei e sai de um "emprego em uma firma grande, de fazer carreira".
Eu sempre me frustrei.
Eu nunca consegui seguir minha vocação.
Eu nunca me casei.

Esse ano, foi diferente. Não houve emoção. Não houve esperança. Não houve promessa.

Foi apenas mais uma noite, em um país diferente, sem shows pirotécnicos ou canções bregas televisivas que datassem aquela noite especial.

Especial, afinal, não era. Foi só mais uma.

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